01/31/2025
07:29:31 AM
Cristãos são condenados à prisão e torturados no Sudão
Recentemente no Sudão, um
tribunal condenou 7 cristãos a penas de prisão que podem ser de cinco a sete
anos por falsas acusações de roubo.
Os cristãos deslocados em Shendi, no estado do Rio Nilo,
foram presos no dia 14 de janeiro e torturados por agentes da Inteligência
Militar. Segundo o advogado Shinbago Mugaddam, agora, eles estão cumprindo
penas de prisão.
Os acusados são membros da Igreja Sudanesa de Cristo e
fugiram da guerra em Cartum, localizada a 150 quilômetros a sudoeste de
Shendi.
Eles foram sentenciados em um julgamento no mesmo dia de sua
prisão, após serem torturados a confessar a suposta acusação.
“Esses jovens foram julgados sob o Artigo 174 do Código
Penal Sudanês de 1994, relacionado a roubo, em um julgamento sumário
[procedimento jurídico que visa a resolver processos de forma mais rápida e
eficiente] no Tribunal Shendi, estado do Rio Nilo, onde as condições para um
julgamento justo não foram atendidas”, disse Mugaddam ao Morning Star News.
“Agentes do MI das Forças Armadas Sudanesas (SAF) acusaram
os cristãos de roubo e apoio às Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares
rivais, com os cristãos negando ambas as alegações”, acrescentou.
A União da Juventude Cristã Sudanesa afirmou que as
acusações eram falsas e uma desculpa para prender os cristãos.
Dentre os cristão que foram detidos, estão: Muraad Morjaan
Anglo, Akram Omer Al Mahadi, Mutaz Al Seed Ibrahim e Amjad Mustafa, e outro
cristão não identificado. Algab Mohamed Al Mahadi Atroon e Murkus Moses
Allajabu foram condenados a cinco anos de prisão cada um.
‘Que Deus esteja com eles’
Após o ocorrido, os cristãos sudaneses estão convocando
outros crentes ao redor do mundo para orar e se posicionar. Nas redes sociais,
um cristão compartilhou:
"Vamos levantar nossas mãos nas igrejas e orar por
esses jovens que estão na prisão para que Deus esteja com eles".
A União da Juventude Cristã Sudanesa condenou as prisões e
exigiu a libertação imediata dos cristãos.
Ao classificar as detenções como uma violação dos direitos
humanos e religiosos no Sudão, a organização apelou para que grupos de
direitos, bem como organizações regionais e internacionais, intervenham para
proteger aqueles que estão sendo mantidos em prisão sem provas.
‘Os cristãos são incapazes de fugir’
Em maio, o governo militar do Sudão aprovou uma lei que
restaurou amplos poderes e imunidades aos agentes de inteligência, os quais
haviam sido retirados após a deposição do presidente Omar al-Bashir, em abril
de 2019.
A Lei do Serviço Geral de Inteligência (GIS) (Emenda de
2024) concede aos agentes de inteligência a autorização para convocar e
interrogar indivíduos, realizar vigilância e buscas, deter suspeitos e
apreender bens, conforme o Sudan War Monitor.
A emenda também garantiu imunidade ampla, protegendo os
agentes de processos criminais ou civis sem a necessidade de aprovação do chefe
do GIS. Nos casos que envolvem pena de morte, a medida concedeu ao diretor a
autoridade para formar um tribunal especial.
O Sudão ocupa a 5ª posição na Lista
Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2025, que classifica
os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.
As condições no Sudão pioraram à medida que a guerra civil
que explodiu em abril de 2023 se intensificou. O país registrou aumentos no
número de cristãos mortos e abusados sexualmente, além disso casas e empresas
cristãs foram atacadas.
“Cristãos de todas as origens estão presos no caos,
incapazes de fugir. Igrejas são bombardeadas, saqueadas e ocupadas pelas partes
em guerra”, afirmou o relatório.
A população cristã do Sudão é estimada em 2 milhões de
pessoas, o que representa 4,5% do total de mais de 43 milhões de habitantes.
Fonte: Guiame
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