10/13/2025
06:03:24 AM
Pastor perseguido no Paquistão encoraja cristãos do
Brasil: ‘Usem sua liberdade para Deus’
Espancado nas ruas de Karachi, ameaçado de ter as pernas
amputadas e preso por pregar o Evangelho, um pastor e missionário paquistanês
testemunha como a mão de Deus o livrou da morte e o manteve firme em seu
chamado, mesmo sob intensa perseguição religiosa.
Shamshad Masih* nasceu na década de 1980 em uma vila no
Paquistão. Apesar de se considerarem cristãos, seus pais ainda seguiam muitos
costumes e tradições islâmicas. Por isso, aos cinco anos, ele foi enviado a uma
mesquita para começar a educação religiosa.
“À medida que fui crescendo, comecei a buscar a verdade e o
amor genuíno. Durante essa busca, um pastor visitou nossa vila e compartilhou a
Palavra de Deus, com foco em João 3:16. Sua mensagem me tocou profundamente. Eu
desejava intensamente receber Jesus Cristo como meu Salvador pessoal, mas não
sabia como — não havia igreja em nossa vila, apenas mesquitas”, disse ele
ao Guiame.
Nessa época ele permaneceu orando em segredo e ansiando por
conhecer Jesus. Então, no dia 14 de outubro de 1992, ele testemunhou:
“Aceitei Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador pessoal e
fui batizado. Iniciei minha jornada compartilhando o Evangelho com minha
família e depois estendi minha missão para a comunidade em geral”, contou ele.
Em 1996, Shamshad se juntou à equipe da Operação Mobilização
(OM), se dedicando a pregar o Evangelho por todo o país.
Livramentos
No ano seguinte, enquanto seguia seu chamado evangelístico,
Shamshad testemunhou que a decisão de seguir a Cristo no país quase lhe custou
a vida.
Ele se tornou alvo de extremistas religiosos e sobreviveu a
diversas tentativas de assassinato:
“Enquanto pregava nas ruas de Karachi, fui violentamente
atacado por uma multidão. Fui severamente espancado e colocado em uma tábua de
madeira, enquanto se preparavam para amputar minhas pernas. Naquele momento,
testemunhei a mão milagrosa de Deus me livrar. Apesar da intensa
perseguição, permaneci firme em meu chamado”.
Em outra ocasião, ele contou: “Enquanto ministrava em
Faisalabad, fui trancado dentro de uma loja por extremistas locais. Mais uma
vez, Deus interveio e me resgatou”.
“Em todas as provações, Deus tem sido fiel. Continuo a
servi-lo com paixão e compromisso, lutando para levar a mensagem da salvação a
todas as pessoas que posso alcançar”, acrescentou.
Em 1998, enquanto ministrava em Abbottabad, Shamshad foi
abordado por um grupo de pessoas que pareciam curiosas e acolhedoras. Porém,
era uma armadilha:
“Eles me entregaram às autoridades e fui jogado na prisão,
onde permaneci por vários dias sem comida, nem água. Foi um tempo escuro e
doloroso, mas a presença de Deus nunca me deixou. Esse incidente foi apenas uma
das muitas perseguições que sofri por causa do Evangelho — tantas que seria
impossível contar todas aqui”.
‘Continuamos a servi-Lo com ousadia’
Em 2002, Shamshad se casou com Rubina* e juntos, abraçaram o
chamado evangelístico no Paquistão. O casal tem três filhos e uma filha, que
também ajudam no ministério enquanto continuam seus estudos.
“Viver neste país traz desafios diários. Não é fácil seguir
a Cristo aqui. Ataques a igrejas cristãs, lojas e casas não são novidade — são
uma realidade diária”, destacou ele.
E continuou: “Vivemos em um ambiente onde simplesmente falar
ou escrever sobre nossa fé pode colocar nossas vidas em risco. E, mesmo assim,
pela graça de Deus, continuamos a servi-Lo com ousadia”.
Em 2010, a família começou a servir em parceria com a Missão
Doulos, fortalecendo ainda mais seu ministério e ampliando o alcance do
Evangelho no país.
“Hoje, alcançamos quase 1.000 crianças todos os meses por
meio de nossos programas de evangelismo — levando esperança, amor e a verdade
de Cristo. Também atuamos ativamente no plantio de igrejas (plantamos 10
igrejas nos últimos anos) e formação de discípulos, viajando para diferentes
cidades para espalhar o Evangelho”, contou o pastor.
Inspirado pela rejeição que enfrentou na infância, ele teve
a ideia de fundar
uma escola onde crianças da comunidade pudessem aprender em um
ambiente seguro, amoroso e centrado em Cristo.
“Esse sonho se tornou realidade em 2005, quando registramos
nossa própria escola. Hoje, mais de 300 crianças carentes recebem uma educação
de qualidade lá. Nos últimos 20 anos, mais de 3.000 crianças pobres se formaram
na escola”, afirmou ele.
‘Essa é a realidade de inúmeras famílias’
Apesar do avanço do ministério, o pastor destacou: “Ainda há
inúmeras vidas esperando para serem tocadas pelo Evangelho e estamos
comprometidos em alcançá-las. Todos os dias enfrentamos incertezas, mas
seguimos em frente, porque fomos chamados, porque fomos escolhidos e porque a
graça de Deus nos basta”.
Segundo Shamshad, no Paquistão, a grande maioria dos
cristãos trabalha em condições extremamente difíceis — servindo como faxineiros
de clínicas, trabalhadores de olarias, operários de fábricas e trabalhadores
braçais.
“Pouquíssimos têm oportunidade ou recursos para abrir seus
próprios negócios. E para os que conseguem, seus esforços estão constantemente
sob ameaça. Multidões frequentemente atacam lojas de cristãos e até vender
comida se torna impossível. Muitas pessoas se recusam a comprar deles apenas
por serem cristãos, considerados ‘impuros’ pelo preconceito social. Essa é a
realidade diária de inúmeras famílias em nossa comunidade”, explicou ele.
Contraste com a Igreja Brasileira
Sobre os cristãos no Brasil, Shamshad disse: “Vocês, por
outro lado, são incrivelmente privilegiados por viverem em um lugar onde podem
adorar livremente, servir a Deus abertamente e ajudar os necessitados sem medo.
Vocês estão posicionados não apenas para desfrutar dessas liberdades, mas para
usá-las para a glória de Deus — e para o bem daqueles que sofrem em silêncio”.
E continuou: “Suas orações, sua compaixão e seu apoio
financeiro podem trazer luz e esperança àqueles que vivem nas trevas. Vocês
podem ajudar a transformar vidas, elevar comunidades e avançar o Reino de Deus
em lugares onde é mais difícil fazê-lo”.
O pastor destacou que tem orgulho de que o Brasil é uma das
nações que mais envia missionários no mundo:
“De seu solo, Deus levantou inúmeros homens e mulheres que
têm levado o Evangelho até os confins da terra — muitas vezes aos lugares mais
difíceis e sombrios. O coração
missionário de vocês, sua ousadia na fé e sua disposição para ir
onde outros não vão, são um testemunho do poder vivo de Cristo em seu meio”.
“Estar com vocês, compartilhar comunhão com vocês e caminhar
juntos na obra de Deus não é apenas uma honra — é um momento sagrado para nossa
igreja. A presença de vocês entre nós não é algo comum. É um lembrete de que a
igreja global é um só corpo, unida por um só Espírito, com um só propósito:
glorificar a Jesus e alcançar os perdidos. Vocês não são apenas visitantes. São
vasos — enviados por Deus, ungidos para um tempo como este”, acrescentou.
Por fim, ele encorajou a Igreja brasileira e os abençoou:
“Sejam encorajados, amados irmãos e irmãs. Sua obediência está dando frutos,
mesmo em lugares que talvez nunca vejam com seus olhos. E seu sacrifício não é
esquecido pelo céu. Continuem firmes, pois grande é a sua recompensa — e grande
é o impacto de uma igreja que escolhe ir”.
*Nomes alterados por motivo de segurança.
Fonte: GIAME
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